
| 31.07.2005
Febre de tempo final e barril de pólvora
Israel e o fundamentalismo cristão na Alemanha1
Martin Kloke
1. Os silenciosos no país? Observações
Quais são as pessoas que aos milhares manifestam a sua solidariedade com Israel, marcham pelas ruas agitando bandeiras israelenses e ruidosamente exclamam “Deus abençoe Israel”? O que cristãos alemães de espetro evangelical, quando falam em quererem esclarecer “sobre o plano de Deus com o seu povo escolhido”? O que está por trás quando organizações fundamentalistas adquiram contribuições para vários projetos em Israel – numa quantidade que aos/às representantes do serviço eclesial estabelecido ensinam admiração (ou, dependente do modo de ler, o recear)?
Quase não reparadas pela mídia, assim chamadas “demonstrações de solidariedade com Israel” tomaram lugar: Em Frankfurt [Francoforte sobre o Meno] falou o diplomata israelense Joseph Levy uma palavra de saudação em nome do seu governo. Em Berlim, assim relata a Jewish Telegraph Agency (JTA), se realizou “uma das maiores demonstrações pró-Israel, as quais a Alemanha no último tempo viu” – organizada por uma liga-ad-hoc de iniciativas numerosas do espetro carismático-pentecostal2
Alguns judeus se distanciam de demonstrações para Israel de cristãos alemães (25 de agosto de 2002) em: Some Jews don’t like it as German Christians rally for Israel.O deputado berlinense da CDU [Christlich-Demokratische Union], Günther Nooke, falou uma palavra de saudação.
Na esplanada desse manifesto de fim do verão, a embaixada israelense publicou esse apelo à demonstração no seu newsletter eletrônico. O embaixador, Shimon Stein, aceitou um dia antes da manifestação uma declaração de subsídio com mais que 6.000 assinaturas.
Só poucas semanas depois – pelo fim do setembro de 2002 – o presidente dos ministros, Ariel Sharon, apresentou os seus cumprimentos à conferência da festa dos Tabernáculos da “Embaixada Cristão Internacional Jerusalém”: Perante 2.500 visitantes fez uma palestra altamente política de abertura, agradeceu pela solidariedade dos amigos cristãos de Israel – e assistiu como um primeiro e único presidente de ministros israelense a toda a cerimônia, escutando atentamente as orações cristãs e “contos de louvor” carismáticos. Mas: Totalmente bem o governo israelense não se sente na coisa – em todo o caso, enquanto se refere ao ministério do exterior. Depois de protestos da “associação de estudantes judaicos na Alemanha”, a embaixada em Berlim extinguiu um link na sua página, o qual, introduzido pouco antes levara diretamente às páginas dos ativistas protestanticos-fundamentalistas de Israel (http://www.israelnetz.de).
O que nisso poderá ser tão problemático, se cristãos ultraconservativos exprimirem a sua simpatia com Israel? O Israel, isolado na política mundial, o qual na UNO, num caso sério, se pode unicamente apoiar nos EUA e num estado de ilhas (a Micronésia) no Pacífico, se permitir ser esquisito no recebimento de gestos de solidariedade? E: No ano de 2002 ver um mar de bandeiras israelenses perante o Reichstag alemão – não é isso um acontecimento emocionante, caso que se considerar que 60 anos antes bandeiras de suástica abainhavam a área do Reichstag?
Perguntas tais e semelhantes, pode ser que muitos amigos de Israel se põem nesses meses. Especialmente quando se ver a alforria política referente a Israel, da qual as instalações das Igrejas cristãs são afetadas. Sim, existem numerosos círculos de trabalho judaicos-cristãos e iniciativas israelteológicas. Mas não nos enganemos: Aqueles que, no que se refere a Israel fazem seguir os seus fatos são intra-eclesialmente marginalizados. O silencio de círculos eclesiais estabelecidos, bispos e sínodos referente ao complexo quente “Israel/Palestina e Alemanha” está mais sonoro que o um ou o outro papel ou um ou outro exercício de dever – seja o “domingo de Israel” no agosto ou a “semana de fraternidade” no março: Onde estão os sinais de solidariedade crítica também em tempos difíceis, nos quais o estado judaico conduz uma luta desesperada, não obstante feia pela sua existência – neste país freqüentemente demais mal-interpretada como “agressão” sionista ou “campanha antigotestamentária de vingança”? Temos de lidar com indiferença? Com repercussões do antijudaismo, respectivamente anti-semitismo tradicional, o qual – apesar de todos os Möllermanns – ainda pertence aos tabus mais bem guardados desta sociedade? É a preocupação de ser confrontado, na discussão do conflito israelense-palestinense, ser repentinamente confrontado com a careta anti-semítica no espelho da história própria? Ou será que a reserva mostrada para fora pela cristandade árabe está sendo culpada que não, no anti-sionismo apodíctico, já não quer ser inferior atrás das comunidades majoritárias moslêmicas já por razões de autoconservação?
Essas perguntas oferecem primeiros pontos de referência porque não quero simplesmente deixar a solidariedade com Israel de certos segmentos do protestantismo cristão.
2. O que crêem os fundamentalistas?
Deixai-me começar com uma citação:
“O anti-cristo faz guerra contra o último inimigo, contra Israel, finalmente contra o Deus de Israel. A 3ª guerra mundial, portanto, vai acontecer. […]: São 200 milhões que partem contra Israel. Juntam-se no Eufrates e vêm do leste a Israel (Ap 9,14; 16,16). A 3ª parte das pessoas humanas vai perecer com isso (Ap 9,16.18; 16,14). A ‘batalha de todas as batalhas’ acontece na planície de Megido, em >Har-Mageddon< […}. Nessa batalha se trata da decisão: Que reino vale: O reino de Aláh ou de Javé? Babel ou Jerusalém?" 3As linhas são dum livrinho dum pároco e docente evangélico num “seminário bíblico” de Wuppertal. O autor expressa o que constitui a essência da imagem do mundo cristã-fundamentalista. Nessas frases – relacionadas a Israel – encontramos o arsenal inteiro daquilo que perfaz o auto-entendimento fundamentalista.
Na linguagem cotidiana, o conceito de “fundamentalismo” emerge em contextos múltiplos desconcertantes: em relação ao Hamas palestinense ou o movimento de colonização judaica em Israel; de igual freqüência indiferenciadamente para a designação duma atitude pietista-evangelical; no espaço político, para a caracterizarão de posições radicais dentro do espetro verde (“ecofundamentalistas”). Mas não só o inflacionamento do conceito é típico para o discurso – sempre vale: fundamentalistas são os outros.
Não estou interessado na degradação daqueles movimentos de renovação religiosos, os quais surgiram mundialmente – entre outras com reação a um secularismo a-religioso irrefletido. Vou até afirmar que o fundamentalismo dos nossos dias até anima os seus críticos para a autocertificação: Em que consiste o conteúdo do sentido da civilização cientifica-técnica? De onde venho? Para que vivo? Aonde vou? Perguntas que temos reprimido em virtude do iluminismo e secularização, na consciência da complexidade e complicação do ser, emergem no fundamentalismo pela porta de trás num modo penoso-importunador. O anseio por orientação, arraigamento e certezas firmes (também depois de calor sentido) nasce de exigências humanas profundas, também se as comunidades religiosas tradicionais têm cada vez mais dificuldades de proporcionar abrigo e ofertas que dêem sentido. Fases de popularidade pós-moderna são tampos bons para fundamentalistas. Nisso, os julgamentos em bloco contra a “insânia internacional”4 como pouco útil para entender ressurgimentos religiosos – indiferente se tratar de particularismos carismáticos, evangélicos, judaico-cassídicos, islâmicos ou outros religiosos.
O que facilmente chega a ser esquecido: O conceito do fundamentalismo tem raízes protestantes. Remonta a uma série de escritas que saiu nos EUA faz quase 90 anos: The Fundamentals – A Testimony to the Truth. As obras dessa série de bestseller contêm teses que até hoje contam entre os essenciais dos fundamentalistas cristãos-protestantes.
A isso pertence a “infalibilidade” da Bíblia em sentido literal da palavra, a recusa de conhecimentos científicos enquanto contradizem esse entendimento da Bíblia, e eliminação de “divergentes”, os quais não se subordinem ao esquema de “conversão e renascimento” de massas renovadas (“renascidas”), assim a visão fundamentalista, a separação não amada de estado e igreja pode ser superada.
À identidade fundamental de grupo pertence um inimigo – seja na própria Igreja liberal ou também no mundo exterior secular. Esse inimigo é muitas vezes o “Anticristo”, em que nomes e conteúdos contextualmente podem mudar rapidamente. O mundo visível passa por ser o campo de batalha entre o diabo e Deus. Da demonização do mundo resultam determinadas expectativas do tempo final – a perspectiva fundamentalista de futuro é apocalipticamente determinado. Os partidários dela interpretam os escritos de consolo proféticos e apocalípticos prenhes de símbolos da Bíblia Hebraica e do Novo Testamento a serem horários divinos concretos para o processo histórico. Os horrores do presente e do futuro iminente (“Terceiro Guerra Mundial”) estão sendo conjurados com certa pruridade – são as dores de parto daquele Cristo voltando, o qual salva o pequeno grupo dos salvados da aflição desta terra.
Na variedade fundamentalista da Cristandade evangélica temos de lidar com um movimento contra o protestantismo do tempo moderno. Ainda no seu desejo de delimitação extremo (para não dizer desesperado) pertence o fundamentalismo à história cultural do tempo moderno: Os seus partidários representam um movimento anti-modernistsa de protesto contra o mundo secular dos séculos 20 e 21.
3. Israel: um ponto fixado libidinoso
O que fundamentalistas cristãos crêem e pensam, como interpretam o mundo, mas também como o tentam a modificar – isso resulta de modo especial do seu relacionamento ao Estado moderno de Israel. Lembrais-vos talvez ainda da ação de cartazes dispendiosa do “partido de cristãos fiéis à Bíblia” na zona neutra das eleições para o Bundestag [Parlamente Federal alemão]. Esse partido mínimo dedicou até cinco dos cinco trechos de política exterior do seu programa de princípios ao assunto “Israel”5 O que é o motor desses interesses?
É a subida do movimento sionista, a “volta” em massa de judeus à sua terra biblicamente prometida – depois de dois milênios de exílio. Esse fenômeno de fato admirável, por ser historicamente sem par, entre os sionistas religiosos, mas também no entendimento cristão passa por prova visível da fidelidade permanecente: a Suas promissões em geral e a Israel em especial. A volta judaica está sendo como sinal escatológico da esperança6.
Para fundamentalistas, essa perspectiva de interpretação é vaga demais: A `ALiYóH, a “ascensão” sionista a Israel, interpretam incircunstancialmente como “re-dução divina para a terra da promissão”. Portanto, a fundação do Estado de Israel em 1948 é o começo do tempo final messiânico – a ‘prova’ de que a volta de Cristo está muito eminente. A ocupação israelense de Jerusalém ocidental árabe e a conquista de territórios bíblicos da terra ao oeste do Jordão na Guerra dos Seis Dias de 1967 deu aos fundamentalistas cristãos – semelhantemente a partes da ortodoxia judaica – um ‘kick de Israel’ potente. Desde então, o estado judaico chegou a ser francamente um ponto fixo libidinosamente ocupado.
As forças fundamentalistas receberam impulso ulterior em 1977, quando, com a tomada de posse do bloco Likud, uma aliança de correntes sionistas de direita e religiosas nacionais chegou a mandar. Essas forças puxaram para frente a colonização de “Samaria” e “Judéia”. Como esse desenvolvimento é para ser explicado? A Liga Árabe já tinha lançado contra o lado israelense o “não” tríplice logo depois da Guerra dos Seis Dias em 1967 – no cume de Khartum: “Não ao reconhecimento de Israel! Não a negociações! Não a paz com Israel!” Aí não podia ser grande a tentação de considerar especialmente o Banco Ocidental, um como projeto sionista – os esquerdistas antes sob motivos de política de segurança, os direitistas ainda inspirados nacionalreligiosamente? Dezenas de milhares de israelis, atraídos pelas subvenções estaduais, se instalaram na área da Grande Jerusalém.
Que esse processo no fim do decênio dos 70, antes de tudo, tomou forma sob augúrio religioso era totalmente do gosto de fundamentalistas cristãos: Criam que pudessem reconhecer a realização da história divina de salvação na política israelense de colonização. Aí, não é senão conseqüente que a associação “Cristãos ao lado de Israel”, cuja administração se encontra em Zierenberg no norte de Hesse, mantém uma ação com o lema: “Ajudai os judeus para casa”. A organização, que opera internacionalmente, mantém 16 “pontos de apoio” na Ucrânia, Moldávia, Belarus e Rússia; de lá, os seus colaboradores, com o seu “Exobus” levaram ultimamente cerca de 1.500 pessoas por mês a aeroportos, de onde estas chegaram a Israel. Além disso, os sionistas cristãos matem projetos para “os colonos judaicos em Judéia e Samaria” – com o ponto de gravidade em Ma`aleh Adumim. A associação hamburguesa “Ebenezer Hilfsfonds” prosseguiu projetos semelhantes com o lema “Operation Exodus”.
Círculos nacionalistas em Israel podem ser que simpatizem com essas atividades. Mas será que realmente saibam realmente com quem estão tendo que lidar? – O dirigente do projeto Exobus motiva as atividades proto-sionistas da sua associação com um “plano de despertação” divino:
“Se o povo judaico ficar dispersado no mundo inteiro e não mais voltar a Israel, não estará em condições a receber perdão, um coração novo e um espírito novo. […] A solução: […] Deus nos chama a trazer para casa o povo judaico.”7Na página [site] própria da associação, a motivação missionária chega a ser ainda mais clara: Por conseguir, os “cristãos no lado de Israel” apostam em que “o povo escolhido (>o Israel inteiro<) chegue ao conhecimento do Messias.”8
4. Quem é quem? Grupos – enredos - rivalidades
No ambiente vaporoso de Igrejas estabelecidas, mas doentias pulula na Alemanha de hoje uma cena de Israel quase confusa – um eldorado para entusiastas bem como para neo-apocalípticos. Três correntes principais se deixam distinguir:
        4.1 Correntes carismáticas-pentecostais
As forças pró-Israel fundamentalistas mais vitais estão hoje ligadas ao espetro carismático-pentecostal. Sete “obras de Israel nacionais” se juntaram nos meados do outubro de 2002 para um “foro de relacionamentos e ações”. Foram já nas mencionadas demonstrações pró-Israel cristãs as forças motrizes. Da grande quantidade das iniciativas Israel carismáticas, respectivamente pentecostais queria apresentar três:
- A Darmstädter Marienschwesternschaft [Irmandade Mariana de Darmstadt] – uma congregação evangelical rica em tradições: As mulheres religiosas juntam esperanças do tempo final fervorosas com amor entusiasta de Israel. Agem publicística e social-diaconicamente para Israel: Entre outras coisas, as irmãs mantêm um lar de velhos para ex-prisioneiros dos campos de concentração. Não se intrometem na política atual do dia, o que as distingue de outros grupos fundamentalistas. Acham a força cristã simples de convencer mais importante que a divulgação de cenários de história apocalípticos.
- A Internationale Christliche Botschaft Jerusalém (ICEJ) [Embaixada Cristã Internacional Jerusalém], ao contrário, se apresenta altamente politizada: Em 1980, depois de uma resolução parlamentar respectiva (“Lei de Jerusalém”), o governo israelense realizou também formalmente o anexo de Jerusalém oriental. O público internacional recusou o seu reconhecimento; ainda hoje, a maioria das embaixadas estrangeiras se encontra, não em Jerusalém, mas sim em Tel Aviv. Exatamente nesse tempo, os fundamentalistas cristãos do mundo todo a “International Christian Embassy” – como sinal da solidariedade com o novo status da Grande Jerusalém como “a capital eterna de Israel”. O Israel oficial recebeu bem essas manifestações de simpatia. Às atividades da “Embaixada” pertencem ações de imprensa a favor de Israel (revistas, newsletters, flyers, usw.), congressos sionistas cristãos, mas também a promoção e mediação de projetos relacionados a Israel. O ponto culminante é uma “celebração cristã” durante a festa judaica dos Tabernáculos – entrementes, segundo indicações próprias, “a maior festa turística em Israel”. Também o ramo alemão, sediado em Stuttgart, está altamente politizado nos seus pronunciamentos e atividades. A obra da rede ICEJ está, entre outras coisas, linkado com a website de Hai Lindsey, a qual pertence aos apocalípticos fundamentalistas cristãos mais radicais nos EUA e era, no decênio dos 80, um dos conselheiros de política religiosa do ex-presidente Ronald Reagan.
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Um trabalho quase não menos influente se liga ao nome de Ludwig Schneider. Esse homem está sendo reverenciado como um guru na cena correspondente. A fundação da obra da vida de Schneider remonta ao ano de 1974, quando o fundamentalista carismático, perto de Düsseldorf, fundou uma associação com o nome de “Israel-Hilfe” [ajuda para Israel]. Compras respeitáveis de imóveis, porém, levaram logo a uma abertura da falência – segundo se diz, Schneider teria desviado contribuições de até de grandezas de seis algarismos. Então, o amigo intrigoso se deslocou com mulher e crianças ao país dos seus sonhos. Em 1978, Schneider entrou em Israel com um visto de turista, não sobre a Agência Judaica, embora, aliás, gostasse de divulgar que seria de origem judaica.9
Em Jerusalém, Schneider fundo um centro evangélico de imprensa. Aí, edita mensalmente a revista em língua alemã “Nachrichten aus Israel (NAI)” [Notícias de Israel] – com informações político-religiosas, reportagens e comentários da região. A revista lustre se apresenta numa mistura de filosemitismo cristão e antiarabismo de sionismo de direita. Depois das derrotas eleitorais do socialdemocrata Shimon Peres (1996) e Ehud Barak (2001), repreendidos pela liquidação de Israel, o periódico se expressou cada vez bem triunfalisticamente10.
Enquanto secularistas a procura de sentido peregrinam a Ikebana-Workshops na Toscana, fundamentalistas modernos partem para expedições de deserto que dão impressão mística em Israel. Também Schneider está junto – num anúncio de propaganda apresenta a perspectiva duma “confrontação integral com profetia”:
“Entrada na […] cidade de tendas levantada no meio do deserto Sin. Seminário de quatro dias e meio no deserto: ‘Profecia do tempo final com Ludwig Schneider […] e judeus messiânicos […]. Na fogueira de acampamento danças folclóricas e cantos israelenses. Com jipes através do deserto ao serviço religioso no altar de Moisés diante o monte de Deus ‘Har Karkom’. Na cidade de tendas serviços religiosos de pastoral, palestras e tempos de sombra para tempo de silêncio e comunidades de oração. […] É importante ver o acontecimento político à luz da Bíblia e contemplar diretamente no lugar – com assimilação interna no deserto – ali aonde também Deus enviou os seus profetas para clarificação.”11
Quem é esse homem que se faz passar como “pastor”, depois outra vez assina com a designação profissional de “jornalista” ou até “repórter de guerra”, embora nunca tehha estudado teologia ou jornalismo? É um “impostor” ou “vigarista”, como está sendo ocasionalmente divulgado, ou simplesmente ‘só’ um homem experto de negócio, o qual, com sucesso, enche um vão no mercado religioso das possibilidades.? Schneider enfrenta apontamentos críticos e averiguações na imprensa12 com a queixa de que seria a vítima duma “campanha de difamação”.13 Até hoje, Schneider se apresenta em toda a Alemanha – com ressonância considerável e muitos milhares de ouvintes.
No mês de julho de 2002, Schneider entregou ao seu filho Aviel os negócios do dia. Para se esclarecer o caráter de obra de rede da cena fundamentalista de Israel: O filho de Schneider, Doron, trabalha desde longo espaço de tempo em lugar dirigente na “Embaixada Internacional Cristã” – ali, está responsável pela “administração”. Todavia, o fundador do empreendimento Ludwig Schneider é até hoje Spiritus Rector da “Máfia Schneider”.14
        4.2 Iniciativas evangelicais tradicionais
Também a maioria dos pietistas, bem como os eclesiais de países e livres conservativos estão hoje orientados pró-israelíticamente. Organizações Israel correspondentes embrulham e reforçam as situações específicas de ambiente: Em 1980, quando o estado judaico anexou Jerusalém oriental ao seu território de estado, Fritz May, em Wetzlar de Hesse, um ex-pastor de Igreja livre, fundou a associação “Christen für Israel” [Cristãos para Israel]; os endereçados são amigos de Israel dentro da aliança evangélica: atos Israel; viagens a Israel, bem como trabalho publicitário assíduo, refletem as formas de ação da associação.
Em Israel, Fritz May apóia diversos projetos de ajuda: Recebedores principais são pequenos grupos “messiânicos” no país, mas também instalações medicinais – p. ex. para a universidade Bar Ilan. Perante o efeito largo, a mistura de trabalho PR publicista e aquisição de contribuições exercem um efeito considerável – até para dentro de círculos israelenses estaduais. “Para que deveríamos ter reservas contra alguém que faz tanto bem para Israel?” Assim, perante de mim, um diplomata israelense defendeu as boas relações de trabalho à associação “Christen für Israel”.
Graças ao seu trabalho de patrocinador, Fritz May podia recolher uma safra rica de glória: O Fundo Nacional KKL nomeou o teólogo alemão a “cidadão de honra do Negeb” (May fez plantar, em 20 anos sobre o KKL, mais que 80.000 árvores). O parlamento de Jerusalém lhe conferiu como ao terceiro alemão o título “leal de Jerusalém” – a decoração mais reputativa da cidade de Jerusalém para benfeitores estrangeiros.15 Ainda seguiu a condecoração da dignidade de doutor de honra pela universidade Bar Ilan: “na história de 2000 anos das relações entre judeus e cristãos […] a condecoração mais alta duma universidade judaica […] para um teólogo evangélico alemão”, como May notificou orgulhosamente.16
O que mesmo amigos de Israel alemães sérios e os seus parceiros israelenses gostam de não reparar são as ligações políticas duvidosas de May. Enquanto as suas expectativas escatológicas o permitem, os flertes de May incluem também o espetro político da direito radical de Israel: Só quatorze dias antes das eleições para o parlamento israelense – no início do maio de 1999 – o patrocinador de Israel organizou mais uma vez um congresso por todo a Alemanha. O orador mais proeminente no salão da cidade de Wetzlar era Elyakim Ha`etzni, representante líder do movimento de colonização na terra oeste do Jordão.17
No seu impulso de valer, May não está imune de tentações apocalípticas. Pouco antes da virada do milênio proferiu a expectativa de
“que, por um renovado ‘sinal de Deus, […] logo a odiosa “mácula de Jerusalém”, o domo da rocha e a mesquita de El-Aksa, sejam destruídos e, no lugar antigo bíblico, seja finalmente reconstruído o Templo: para que o Messias possa vir.”18
Braço político da direita evangelical é o já mencionado partido “Partei Bibeltreuer Christen” (PBC) [Partido de Cristãos Fiéis à Bíblia], o qual, com as suas ações de cartazes, quer pôr sinais para uma mudança de ambiente pró-israelítico: Mas o seu rigorismo moral contra a “decadência de costumes” generalizada, as suas campanhas puritanas contra sexualidade e feminismo (para só mencionar duas das numerosas palavras excitantes) assustam até os seus possíveis adeptos. Todavia: Nas eleições passadas para o Bundestag [parlamento alemão] o PBC podia aumentar a sua quota de votos de 71.989 para 101.553 de todos os votos segundos.
Nem todos os cristãos teologicamente conservativos estão de acordo com o entusiasmo acrítico para Israel. Como em outros ambientes sociais também, o assunto “Israel" esquenta os ânimos e polariza as pessoas: Um exemplo para isso é o pároco altamente estimado em círculos evangelicais, Jürgen Blunk. Num comentário de hospede para a agência de notícias “idea Spektrum”, Blunk se designa em 2002, no auge da segunda intifada, como “amigo de Israel”; no entanto deveria, como o profeta Jeremias, condenar a política de Israel – também com o perigo de ser estigmatizado como “traidor”. Mas, em vez de se restringir a uma crítica objetivamente relacionada, Blunk se exalta sobre um pretenso “terrorismo de estado” de Israel, inocentando o terror organizado do “Hamas” islâmico e das seculares “brigadas de Al-Aksa” de Yassir Arafat como “terrorismo individual”. Israel sob Sharon agiria “soberbo e duro”. E como se fosse Israel um estado de Deus como o Irã (e não o único estado de direito democrático no Oriente Próximo), Blunk prossegue:
“Que imagem de Deus é que Israel apresenta pelo seu agir ao mundo? A imagem de um deus vingativo, brutal que despreza o direito internacional! Não, assim não conheci Deus através de Jesus. Jesus é diferente.”19
Pode-se imaginar o grito e a indignação na cena Israel evangelical e fundamentalista: Durante semanas cartas de leitor e artigos em contrário o “idea Spektrum”. O escândalo fez ondas para além de “idea Spektrum”, porque mostrou mais uma vez como custa também a contemporâneos neste país criticar Israel, sem tocar no teclado de ressentimentos de hostilidade aos judeus, respectivamente anti-semíticos.
        Círculos anti-sionistas e anti-semíticos
Também e precisamente em círculos cristãos-fundamentalistas, o assassínio em massa alemão milionário nos judeus europeus introduziu uma metánoia [mudança de mentalidade]. Sob o choque de Auschwitz, alguns entre eles, porém deixaram o pêndulo oscilar tanto que perderam o balanço – exercem um culto de Israel que deixa perceber uma vizinhança de espírito estupenda com os topos de dominação do mundo do anti-semitismo tradicional. Assim se diz no livro de Israel (prefácio) dum diretor missionário de Wuppertal:
“Israel é o país, como povo e estado hodierno, a propriedade escolhida de Deus, interrompendo agora, depois de três milênios diante os nossos olhos, para assumir o domínio do mundo!”20
Os procuradores “verdadeiros” da solidariedade cristã com Israel, então, são aqueles cujo engajamento está sendo ouvido especialmente ‘unívoco’, radicalmente filosemítico e alto? Qual é a estabilidade do amor a Israel de organizações que tentam, com ênfase e ainda mais dinheiro, influenciar desempenadamente a política de Israel referente aos palestinenses?
Da pesquisa do anti-semitismo, bem como da sociologia social sabemos, como filosemitismo pode virar para anti-semitismo. O mecanismo está sempre malhado segundo o mesmo modelo: Simpatia exaltada gera decepção e “comportamento errado” inesperado; virada repentina de amor para ódio é a conseqüência.
O “idea Spektrum” já citado, já faz alguns anos, fez a especulação de se o ambiente entre os cristãos face “à crítica judaica na fé cristã” iria “cair”. O motivo era um artigo crítico de jornal de Michel Friedman – “precisamente na Semana Santa”, como se disse repreensivamente no editorial do semanal.21 Tudo isso – quase não observado então – soa, do ponto vista de hoje, um como prelúdio às escapadas de Möllemann.
Numa carta de informações do “Movimento de Confissão ‘Nenhum outro Evangelho’” li o apelo seguinte:
“Precisamos perceber que o espírito dos judeus ortodoxos como o espírito do Islame lutavam do mesmo modo contra o filho crucificado de Deus. Devemo-nos despedir dum filosemitismo e amar Israel assim como está na realidade.”22
Mas como “é” Israel “na realidade”? – Também no espetro evangelical do protestantismo alemão, a margem de espaço referente a Israel está maior, iniciado por repiques o “fim da veda”. Certamente, não há motivo para alarmismo ou ainda para pânico; nem indícios empiricamente perceptíveis para uma inimizade aos judeus relevante entre os fundamentalistas cristãos. (O problema de “missão” seja aqui, por agora, deixado fora de consideração.) O que, porém, precisa ser registrado mesmo são sintomas em segmentos subculturais minúsculos expressamente repugnantes: Assim, o tribunal da comarca de Fürth sentenciou o “pregador de rua” Norbert Homuth a quatro meses de pena de prisão condicional e uma penitência em dinheiro de 1.000 marcos – por “incitamento do povo”. Num panfleto, Homuth afirmara, entre outras coisas, o seguinte:
“Primeiro [os judeus, Mein Komentar [meu comentário]] a todos os tempos perseguem os mensageiros de Deus que são enviados a eles para lhes transmitir a descompostura de Deus; sim, mataram até o enviado mais alto de Deus, o Seu filho. Até hoje a coisa não se tem mudado. Quando for que somente um único se atrever de lhes apresentar a palavra de Deus, os chamando à penitência, lhe fazem um processo, vibram a maça de Auschwitz e não cansam até acabar completamente com ele. O motivo segundo jaz na sua atitude de desprezar as pessoas humanas, com a qual eles mesmos atiçam o anti-semitismo.” 23Perante o juiz individual, o pregador de rua não quis saber de anti-semitismo qualquer – com palavras estereotipas: “Amo os judeus.”24
Segundo exemplo são as atividades exercidas por Dieter Braun da editora Morgenland em Salem no sul da Alemanha. Na revista do mesmo nome, está sendo dado o exemplo para o que a inimizade fundamentalisticamente motivada é capaz: Numa contribuição sobre o “Israel verdadeiro e falso” diz:
“Atrás dessas intrigas clandestinas mencionadas, a conjuração internacional do judaísmo babilônico de loja se esconde, o qual está sentado no mundo inteiro nos lugares de comutadores do poder […]. Estamos hoje experimentando como o judaísmo mundial está outra vez tentando a cumprir profecias bíblicas, e na ponta do seu programa estão as atividades dos sionistas. Mas também isso está consagrado ao afundamento completo […]”25
Desde o fim do decênio dos 90, o anti-semitismo de Braun se desabafa desenfreadamente:
“Quem está por trás da UNO e dos seus grêmios ligados a ela, antes de tudo do fundo internacional de valores? Quem controla o dinheiro neste mundo e a mídia de massas, a qual propaga essa minuta de perdição do anticristo como receita de salvação para os problemas do mundo e chicoteiam por todos os países? São membros daquele povo, pelo qual muitos se deixaram enganar para o considerar e reconhecer como o povo de Deus.”26
É, portanto, de estranhar que o grupo Morgenland inocenta a Shoáh ou a nega implicitamente? Nos últimos anos, se realizou no grupo frouxamente organizado uma fusão de atitudes protestantes-fundamentalistas e anti-semíticas de extrema direita. Segundo o meu conhecimento, se precisa partir do que se entrementes também o Verfassungsschutz [Órgão Protetor da Constituição] se preocupou com esse problema – essa é, aliás, também a convicção que está sendo divulgada em folhetinhos de cantinho radicais de direita.27 A organização Braun precisa ser entendida como um MeNÊ TeQêL (Dn 5,25; trad.) de para o que um anti-semitismo fundamentalista está capaz ainda hoje, quando sair do estágio de licença.
5. Terra em troca de paz?
Fundamentalistas Hardcore [de núcleo duro] não estão somente convencidos de que o Estado de Israel joga um papel eminente na história do mundo: Semelhantemente a correntes nacional-religiosas no sionismo conjuram um Grande Israel, que se baseia numa atualização biblicisticamente motivada das promissões de terra clássicas. Cada um sabe que, na reassunção do processo de paz, uma série de concessões territoriais serão exigidas. A fórmula “terra contra paz e segurança” chegou, também dentro do governo Sharon, a ser capaz de ganhar maioria. A renúncia de terra bíblica, porém, está no modo de ler da ortodoxia neoprotestante uma intervenção ilegítimo na tabela divina de salvação deterministicamente pré-desenhada.28
Caso que o processo paralisado de entendimento no Próximo Oriente voltasse outra vez para se mover, a visão do mundo dos fundamentalistas chegaria a vacilar para valer: nenhum Grande Israel no solo biblicamente prometido, mas sim dois estados coexistentes entre o Jordão e o Mediterrâneo, nenhuma aguçação de confronto, nenhuma perspectiva de uma terceira guerra mundial. Se, em conseqüência disso, um processo potencial de paz ameaçar a própria identidade religiosa, defesa decisiva será indicada. Para muitos fundamentalistas, já a retirada de Jericó era insuportável; com maior razão, a entrega de mais partes da cidade abraâmida de Hebron às autoridades de auto-administração palestinenses seria considerada como desastrosa – uma concessão ainda do governo Netanyahu conservativo de direita, que nem os governos Rabin/Peres ousaram a impregnar. Dramaticamente sério chega a ser, porém, aos zeladores no assunto “Jerusalém”.
Num escrito de propaganda para uma viagem de seminário ao deserto, Ludwig Schneider declarou, no auge do processo de paz, aos seus “queridos amigos”:
“Agora Israel está em perigo muito maior que então [na guerra do golfo, anotação do autor]. Portanto vos rogo diante Deus para que se juntem a essa viagem de ação, para sejais participantes na salvação de Israel […]. A aliança de Israel com os adversários da anunciação nos chama do deserto para a frente do acontecimento.” 29Claro que, ao programa de Schneider, pertencem também as “viagens de solidariedade” aos colonos do Banco Ocidental e das Elevações de Gola – concebidas expressamente para a cena de simpatizantes alemã.
Depois do assassínio do presidente dos ministros israelense, Yitshak Rabin, a tonalidade se reforçou outra vez: Fritz May atacou a “liquidação perigosa da pátria bíblica de Israel”, que estaria longe da vontade do povo judaico; pois: “Rabin e Peres”, assim o pastor de Wetxlar crê que o saiba, “são, não piedosos, mas sim ateus”30 O “correspondente de Israel” temporário de May, Rainer Schmidt, interpretou o assassínio como divina “advertência para os políticos israelenses”. 31 Friedrich Vogel, “diretor de missão” da Escola Teológica Livre em Breckerfeld (no Bergisches Land, Alemanha) palavras mais obscenas:
“Deus interveio antes de Rabin pudesse, meses depois, pôr a sua mão em Jerusalém.”32
O cume da intromissão alemã-cristã na política interior de Israel, Schneider se permitiu num comentário, cuja ‘mensagem’ política-psicológica até no parlamento israelense soltou um pequeno tremor. Pedra de escândalo era a citação seguinte:
“Assim como Hitler usou o atentado do judeu Herschel Grynspan ao diplomata alemão em Paris, Ernst von Rath, para legitimar a sua Reichskristallnacht [Noite de Cristal do Império] contra todos os judeus, assim agora, depois do atentado a Rabin […] grupos esquerdos fiéis ao governo vêem legitimada a sua campanha contra os colonos judaicos.”33
Ram Cohen, naquele tempo porta-voz do partido Merets na Knesset, se mostrou "chocado” pela comparação e reportagem sem piedade da folha de língua alemã. No rádio israelense, Cohen exigiu do juizado do seu país medidas para a suspensão imediata da NAI. Mas, não contando uma proibição breve de extradição, essa infração não deveria ter tido conseqüências ulteriores.34
Em 1995/96, Jerusalém celebrou o seu 3.000º aniversário: Co-celebrantes eram também 1.500 subsidiadores de um “encontro de sionistas cristãos”. Entre os ativistas chegados vieram 400 só da Alemanha, para afirmar o seu apoio da direita radical israelense. Na resolução de encerramento se diz verbalmente:
“Por isso, nós nos obrigamos com a nossa vida e com os meios à nossa disposição pelo alcance dos fins e objetivos aqui expostos.”35
Perante esse fundo, opiniões críticas, respectivamente divergentes de “amigos” de Israel radicais são despiedosamente castigadas. Fritz May, p. ex., proferiu a advertência:
“Quem estiver contra a política israelense de colonização, estará contra Deus, contra a Sua vontade declarada, contra a Bíblia. O diabo como adversário de Deus e as ‘tropas auxiliares’ de entre os ateístas, árabes, moslins e israelis e ‘cristãos’ socialistas e ateístas, portanto, farão tudo para impedir a vontade de Deus do tempo final e Seu plano com Israel.”36
Ludwig Schneider censurou partidários do processo de paz como “crianças das noites” – apoiando-se numa dica do Novo Testamento. Quem estranha que Schneider, em seguida, por causa dessa escolha de palavra foi perguntado também na Alemanha pela sua proximidade aos assassinos de Rabin.37
Não pode ser enfatizado com bastante clareza: O que faz andar os grupos mencionados não é em primeira linha a preocupação pela existência e segurança de Israel; pretensos princípios “divinos” estão em jogo – entende-se a preparação de estruturas apocalípticas no Oriente Próximo. Ludwig Schneider formulou o objetivo da solidariedade fundamentalista com Israel assim:
“Em 1948, Israel conquistou a terra sem Jerusalém e em 1967 Israel conquistou Jerusalém sem a praça do Templo – na próxima vez se vai tratar da praça do Templo. Por isso, essa guerra se chama Guerra Santa. […] À complementação da história da salvação pertence o terceiro Templo […]. Trata-se, na verdade, não de política, mas sim da vitória de Deus.”38
Aqui encontramos, num modo raramente tão abertamente exprimido, núcleo duma variante cristã-fundamentalista do “Jihad” popular! Na revista NAI já foram uma vez, providentemente, marcadas “as fronteiras do Israel futuro […] conforme Ezequiel 47” – sem o balneário de Eilat, mas inclusive componentes centrais da Síria (Damasco!) e da maior parte do Líbano.39
Facilmente, se deixa antecipar o alívio, com o qual, em círculos fundamentalistas, foi recolhido o declínio trágico do processo de paz e a posse de governo por Ariel Sharon. Não obstante, se fazem lembrar os primeiros sinais de decepção sobre a “clemência de velho” real ou suposta de Sharon: O presidente de ministros muito injuriado também na Alemanha parece, em conexo com o plano mais recente do “Road Map”, com que Israel, apesar de algumas dúvidas, concordou em princípio para querer aceitar compromissos “dolorosos” territoriais – enquanto afinal o terrorismo genocídal fosse reconhecido como problema e tentado a reprimir fidedignamente.
6. Ativistas Israel fundamentalistas são perigosos?
        6.1 A respeito da política de segurança: barril de pólvora “Harmageddon”
A grande maioria dos fundamentalistas cristãos é, por meu ver, inofensivo; não obstante, existe uma problemática de segurança: Já antes da virada do milênio do ano 2000, forças policiais israelenses realizaram exercícios para a defesa contra atentadores potenciais. O governo armou, entre outras coisas, o orçamento duma unidade antiapocalíptica para aproximadamente 12 milhões de euros. Em tempos de pico, 430 pessoas são determinadas só para a praça da assim chamada região do Templo. Tudo deve ser feito para evitar a explosão dos santuários no monte do Templo, portanto repelir banhos de sangue que ameaçam.
Tudo somente histeria? Fato é: Já em 1969, o australiano Dennies M. Rohan incendiou a mesquita Al-Aksa; a seu tempo, o incêndio podia ser apagado só depois de horas. Rohan supusera que Jesus voltasse quando a região do Templo seria outra vez “liberada”. Desde então, houve cerca de meia dúzia de outras tentativas de extremistas cristãos (e judaicos) para fazer o Domo da Rocha ir pelos ares. Khain Dajani, cooperador diretor da administração do monte do Templo islâmica (mesquita de Al-Aksa) declarou a pedido:
“Este é um lugar santo. Simboliza a nossa história, a nossa fé. Um atentado significaria que milhões de moslins na Europa, na América, na Ásia e na África se levantassem como um homem. Isso significaria Jihad. Oh, meu Deus, não posso pensar nisso de jeito nenhum. Caso o caso acontecesse não obstante, todo o mundo estaria posto de cabeça para baixo. Nem o presidente dos Estados Unidos se pode imaginar o que significaria isso.”40
Um assunto inofensivo em comparação é o assim chamado “síndrome de Jerusalém” – uma forma de histeria religiosa, a qual até agora acomete peregrinos discretos, logo que chegarem a Jerusalém. Nas vielas da cidade velha de Jerusalém, onde cada bloco de pedra irradia “santidade”, algumas pessoas crêem encontrar “a “porta do céu”. Assim pelo fim do ano de 2002, uma família de oito(!) cabeças chegou às manchetes: Primeiro, foi vista em Adana na Turquia e mais tarde outra vez na Jordânia – a caminho com um Fiat Panda a Jerusalém. Aos pais ameaçava a subtração do direito de cuidar, depois que as suas crianças foram apanhadas mendigando e descuidadas.41
Viagem a Jerusalém: Uma família rigorosamente cristã do sul da Alemanha vaga pela Síria e deixa as suas crianças mendigar.A maioria dos histéricos, na verdade, quando voltam a deixar Israel, são sadios. Realmente perigosos são somente aqueles que, decepcionados pelo advento que não veio, tramam uma corrida de amoque, para ainda forçar o apocalipse apesar disso.
        6.2 A respeito da política religiosa: “missão aos judeus” na febre do tempo final
Depois das experiências judaicas penosas com tentativas cristãs de os converter, as Igrejas ganharam crescentemente distancia da intenção de querer missionar os judeus. Guia no contexto das Igrejas livres é um “serviço” baptista à relação cristã-judaica. Aí, se intima expressamente “a respeitar o testemunho judaico de fé e vida” – e a considerar em “pregação e ensino […] o auto-entendimento judaico o bastante”.42 Até em círculos decididamente evangelicais, a “missão aos judeus” tradicional chegou a ter má fama. Igualmente significativo é a acrobática de palavras na Comunidade de Trabalho “Cristãos para Israel”:
“Estamos contra a missão aos judeus no sentido tradicional da história eclesial, a qual, na maioria dos casos, consistia em desligar os judeus do seu Judaísmo e os fazer cristãos, em regra bons luteranos ou católicos […] Somos, porém, para o testemunho de Cristo a Israel. Com isso, porém, não pretendemos missionar nenhum judeu e fazer dele um cristão, porque achamos que tanto alemães como também cristãos, por causa do seu passado histórico, […] não são especialmente aptos para missionar judeus. Trata-se antes que um judeu […] em Jesus reconheça o seu Messias e chega a ser um seguidor de Jesus.”43
Esse ‘vaguear’ – antes uma forma hesitante da consciência cristã de ser enviado – era durante decênios predominante em círculos fundamentalistas; ainda hoje muitos deles recusam missão aos judeus (p. ex. Ludwig Schneider). Isso acontece, em parte, por convicção, mas também de cálculo: Trabalho aberto de missão privaria as organizações fundamentalistas em Israel da base fundamental legal.
Mas essa sensibilidade fragmentária começou a vacilar outra vez neste país – em virtude da imigração de judeus europeus à Alemanha. Em círculos conservativos de direita da Igreja evangélica, o topo antijudaistico está sendo desenterrado, segundo o qual “a Sinagoga” como figura simbólica da Judiaria seria marcada “até o dia de hoje por uma venda diante os olhos” – “como sinal da cegueira espiritual”.44 De círculos carismáticos e pentecostais – lembrada seja a associação “Amigos Cristãos de Israel” ao redor de Harald Eckert (Altensteig) – se ouve que cristãos alemães, que trouxeram tanta pena sobre os judeus, estariam obrigados a fazer bem exatamente agora ao povo judaico – isso quer dizer confrontá-lo ofensivamente com o Evangelho (numa carta circular se fala, a respeito disso, duma “vocação especial da Alemanha”).45
O “Evangeliumsdienst für Israel ” [Serviço de Evangelho para Israel] em Baden-Württemberg [Bade-Vurtemberga], o qual tem também alta estima em partes da Igreja do País vurtembergense, contratou, no decênio dos 90, um missionário para o grupo de alvo “judeus”. Junto com organizações amigas, o “Serviço de Evangelho” edita a revista “Menora”; com a ajuda de cerca de 50.000 exemplares, se quer missionar judeus no mundo inteiro. Em 1998, cerca de 100 fiéis messiânicos redigiram de toda a Alemanha 13 “artigos de fé” em língua russa. Em 1999, círculos de casa e comunas fundaram “Aliança de judeus messiânicos na Alemanha”46
Por toda a Alemanha, grupos fundamentalistas tentaram conduzir judeus à fé cristã: Os endereçados primeiros são imigrantes da Europa Oriental. Especialmente aqueles que perderam as suas raízes judaicas nos países de proveniência comunistas são susceptíveis para esforços missionários – especialmente quando os atores zelosos não só oferecem a mensagem cristã, mas também tratam os neocidadãos com calor cordial e ajuda prática de vida. Em Berlim, como também em outras cidades alemãs se formaram assim chamados grupos “messiânicos” e círculos de casa. Há muito, também batismos acontecem. Na comunidade da Igreja livre evangélica de Berlim-Lichterfelde-Ost se encontram cada sábado à tarde cerca de 80 pessoas, as quais tentam a identidade judaica ligar com a messianidade de Jesus de Nazaré. “Beit Sar Shalom”, como o grupo se chama, é o ramo alemão da obra judaico-messiânica internacional “Chosen People Ministries”.47
A “missão aos judeus” cristã significa um perigo para a existência do Judaísmo? É uma impertinência obscena, uma continuação espiritual do Holocausto, como o antigo Rabino do País de Estugarda, Joel Berger, desconfia? Ou é que a missão cristã também aos judeus seja espiritualmente agitadas se uma conseqüência lógica de identidade cristã, a qual, em si, urge para convidar e incluir de todas as pessoas humanas a princípio?
De um lado: Quando pessoas humanas de fé cristã distribuem folhas volantes em sinagogas, não se trata somente de uma violação de bons costumes; é um ataque desrespeitoso a sentimentos religiosos de pessoas para as quais a cruz, por causas históricas, é sempre um símbolo de susto. Até aqui, as Igrejas cristãs fazem bem quando se distanciam publicamente daqueles círculos fundamentalistas, os quais ainda ou já de novo dão a voz a uma “missão” referente aos judeus.
De outro lado: Os perigos não deveriam ser superestafados. Numa sociedade pluralista, a liberdade religiosa é um bem alto. Pessoas judaicas e não-judaicas têm o direito de deixar as suas comunidades respectivas e eventualmente escolher uma outra. O direito para a conversão livre é direito humano para cada homem (e cada mulher). Religio-sociológicamente considerado, todos nós vivemos – sejamos religiosos ou não – cada dia novamente sob a “pressão para a heresia”, pois nos precisamos decidir cada dia de novo de como realizar a vida, quais acentos instituidores de sentido pôr ou também quais para nós e nossos parentes recusamos. Essa é a chance, mas também o fardo, o qual as nossas identidades de mixórdia nos põem. Aliás, estou firmemente convencido que o lado judaico, nesse processo pluralista, se possa manter a prazo médio. Possivelmente, a averiguação empírica poderá enfraquecer um pouco os receios historicamente condicionados e compreensíveis: Embora não conheça estatística alguma sobro quantos alemães cristãos, desde 1945, se converteram ao Judaísmo; mas o seu número está claramente mais alto que o dos judeus que, desde então, se converteram à fé cristã. Enquanto sei, nos cursos de conversão do rabinato superior israelense, os alemães são, logo depois dos americanos, o grupo segundo maior. Mesmo nos EUA, onde o movimento “Judeus para Jesus” pode empregar recursos pessoais e materiais bem outros, os sucessos missionários se apresentam antes como modestos. Mais ameaçadoras são aqui como ali os aliciamentos da pós-moderna neoliberal, como ela se manifesta no numero dramaticamente crescente dos casamentos inter-religiosos.
7. Perspectiva
Talvez o um ou o outro vai pensar: É que os grupos fundamentalistas são – pelo menos neste país – sem importância social. Sim, de fato: O seu raio de ação se passa fora do discurso publico-jurídico das nossas colunas dos folhetins.
Se houver um perigo, este não está fundado numa influência social imaginária de zeladores fundamentalistas. Mais ameaçadora é dinâmica político-religiosa, a qual é inerente em tais movimentos de redes interligadas. Certos acontecimentos, antes de todos processos de mudança políticos do Próximo Oriente (por exemplo: a questão de Jerusalém), poderiam francamente chegar a ser faísca na mecha, caso massas espiritualmente agitadas se deixassem “despertar” e induzir a ações irrefletidas. A borra ideológica, junto com infra-estrutura organizatória e publicista, existe na bitola do mundo faz anos. Num livro de Fritz May publicado em 2002 ao “Apocalipse sobre Jerusalém”, se lê no texto da capa:
“Sobre a Cidade Santa com o Monte do Templo, uma bomba de força de detonação e destruição apocalíptica com espoleta de tempo já faz tique-taque. Estará no fim a ‘Grande Guerra’? […] A profecia bíblica revela que Jerusalém, em futuro próximo, chegará a ser destino e praga para o mundo. A ser casa de batalha dos povos […]. Depois, porém, para bênção e salvação para o mundo todo.”
Essa escatologia cobiçosa de sensação anciã a chegada da explosão apocalíptica – como uma profecia que se cumpra a si mesma: Quando importar, grupos fundamentais de qualquer cor, também na Alemanha, podem mobilizar mais pessoas como associações como as “Associações para Cooperação Cristã-Judaica” ou a “Associação Alemã-Israelense”. O quê, quando atores correspondentes considerarem o kairos [tempo] como ter vindo? O quê, quando exigirem ações visíveis que empurram para o cumprimento… ?
“Pano fechado – e todas as questões abertas…”
Notas: Veja no texto alemão!
Texto alemão
Tradução: Pedro von Werden SJ - Rua Padre Remeter, 108 - Bairro Baú - 78008-150 Cuiabá-MT -BRASIL
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