
| 30.11.2007
Gosto na Lei – Prazer nos Mandamentos
por Roland Werneck
Salmo 112
- Louvai YóH [o Senhor]!
Vai adiante, o homem que teme YHVH [o Senhor],
dos Seus mandamentos alegra-se muito!
- Valente na terra está seu semente,
(a geração dos retos está abençoada.
- Fortuna e riqueza está na casa dele
e a sua probidade fica sempre.
- Brilha na escuridão luz aos retos,
do Piedoso, Clemente e Justo.
- Bom de homem é ser piedoso e emprestador,
que faz as suas coisas em retidão,
- pois para sempre não estremece
- para memória perpetuo está o justo.
- De rumor mau não teme,
- posto seu coração confiado BYHVH [no Senhor].
- Apoiado o seu coração não teme,
até que olha nos seus inimigos.
- Dispersa, dá aos pobres,
a sua justiça persiste para sempre,
o seu corno (fundo econômico) está em peso.
- O malvado vê e se irrita,
eus dentes range e se funde,
o desejo de malvados some.
Os Salmos são o livro de oração judaico mais antigo.
Os Salmos são o livro de oração cristão mais antigo.
Jesus naturalmente rezava, como qualquer judeu piedoso, Salmos. A história do seu sofrer e morrer está sendo, nos Evangelhos, descrita na linguagem dos Salmos.
A última palavra de Jesus antes da sua morte na cruz era um lamento do Salmo 22: “Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonaste?”
Os Salmos são o livro de oração cristão mais antigo, e o podiam chegar a ser e ser porque judeus e judias nessas orações aclamam e louvam o Deus de Israel e Lhe queixam o seu sofrimento.
Muitos cristão não estão conscientes de que devem esse tesouro em orações ao povo de Israel. Há edições cristãs de Bíblias, as quais contêm somente o Novo Testamento e os Salmos. Os Salmos chegam assim a ser vistos como parte da tradição cristã, a Toráh e os profetas, porém, como “judaicos”, o que segundo essa opinião significa tanto quanto ultrapassado, sem importância. Que absurdo teológico! Que heresia!
No nosso Salmo 112 diz:
Louvai YóH [o Senhor]!
Vai adiante, o homem que teme YHVH [o Senhor],
dos Seus mandamentos alegra-se muito!
Os Salmos não se deixam separar da Toráh e dos mandamentos de Deus. Ao contrário: É não por acaso que, já no primeiro Salmo está sendo louvado aquele que tem prazer na lei do Senhor.
Gosto na Lei, prazer nos Mandamentos!
Nunca esquecerei como vi e senti faz anos, numa sinagoga de Jerusalém na festa Simhat Toráh, esse gosto na Lei e a alegria nos mandamentos! Cantaram alto e bateram palmas, dançando com rolos da Toráh em círculo. Também eu fui convidado para isso, e podia dançar uma volta com um rolo da Toráh.
Para um teólogo luterano, um acesso tal à Lei de Deus está altamente inusitado e alheio. Na tradição teológica da Igreja luterana está sendo oposto, à Lei que mostra à pessoa humana a sua pecaminosidade e seus defeitos, sempre o Evangelho, este que salva a pessoa humana. Lei e Evangelho – muitas vezes esse par de conceitos foi transposto aos Testamentos Antigo e Novo.
O problema do qual falamos, porém, não um historicamente ultrapassado, está de fato altamente atual. Faz quase sete anos, representantes da Liga Mundial Luterana e do Conselho Papal para a Promoção da Unidade dos Cristãos assinaram solenemente uma declaração comum para a doutrina de justificação. Na tese 8 dessa declaração se diz: “No Antigo Testamento ouvimos a palavra de Deus da pecaminosidade e da inobediência humana e do juízo de Deus.”1)
O teólogo evangélico berlinense Friedrich Wilhelm Marquardt chamou, em uma das suas palestras últimas a atenção para que os luteranos e os católicos teriam acordado conseqüentemente passando pelo lado do Judaísmo. Marquardt verbalmente:
“Naquilo que está sendo demonstrado como tendo em comum na doutrina de justificação, a Lei não joga um papel essencial, somente um papel completamente acidental, sendo porém, apesar disso, … recusada explicitamente por ambas as Igrejas. Isso é que, no anti-judaísmo, as Igrejas cristãs se unem.
A união evangélica-católica só quer domínio do passado, não ajuda de presente e de futuro. Presente e futuro da Igreja, porém, dependem da percepção de Jesus de Nazaré, que disse e diz: ‘A salvação vem dos judeus’ (João 4,22)”2)
Marquardt tentou, como o chamava, ir a escola na “Cadeira de Moisés”. Tratava-se para ele de desenvolver um relacionamento novo dos cristãos pagãos à Toráh do Sinai. Não nos podemos, 60 anos depois da Shoáh, contentar dizer como Lutero: “A Lei de Moises vai aos judeus, a qual não nos obriga a nós, pois a Lei está dada somente ao povo de Israel, e Israel a aceitou para si e os seus descendentes, sendo os pagãos excluídos.”3)
Quão urgentemente necessário está um relacionamento novo da teologia cristão à Toráh, mostra-se, não por último, nos nossos serviços religiosos.
Exames de pregações evangélicas mostraram que o Judaísmo serve ainda muitas vezes como exemplo para uma “religião legal”4). Quem se quer pôr contra estruturas de poder na política ou dentro da Igreja, gosta de demonstrar isso na crítica neotestamentária na prática farisaica ou usa para isso lugares correspondentes do apóstolo Paulo. Muito rapidamente pode aqui ser ultrapassado o limite ao antijudaismo.
O teólogo protestante suíço Karl Barth concebeu em 1935 uma palestra com o título “Evangelho e Lei”. Inverteu com isso a ordem tradicional desses conceitos na teologia luterana. Aí se diz sempre “Lei e Evangelho”, então primeiro está o a pessoa humana pecadora sob a lei, por isso precisa da salvação pelo Evangelho.
Karl Barth se orientava na ordem bíblica: primeiro está a liberação do povo de Israel da escravatura egípcia, então Moisés pode receber a Toráh no Sinai. Só a vida em liberdade possibilita a alegria nos mandamentos de Deus.
No Salmo 111, que está estreitamente correlacionado ao nosso Salmo 112, estão sendo lembradas primeiro as obras de Deus
Esplendor e magnificência Seus Feitos
e a Sua justiça está para sempre (v 3).
Redenção envia ao Seu povo,
ordena para sempre Sua aliança … (v 9).
Então, no nosso Salmo 112, segue como o próximo a alegria nos mandamentos. Todas as promissões, que então estão sendo mencionadas, têm de ver com essa alegria: a bênção da descendência, o bem-estar, mas também o cuidado pelos pobres. Deus está sendo,,, louvado como o gracioso, o matricioso (RaHUM; cf. RéHeM = matriz, útero; cf. Is 49,15: Será que mulher esqueça sua criança…? Ainda que ela esquecer: e Eu não te esqueço. trad.) e justo.
Não se alinha imperativos, nenhum catálogo de exigências está sendo montado aqui, mas sim a confiança no Deus libertador está sendo expressa pela alegria nos Seus mandamentos.
Essa não é uma boa notícia, nenhuma mensagem alegre, nenhum evangelho?
Acho, quando nós, como cristãs e cristãos, rezarmos esse Salmo com as nossas irmãs e irmãos judaico, poderemos antes de tudo aprender o que significa isto: alegria nos mandamentos.. Os mandamentos de Deus nos querem livrar e mostrar o caminho para a vida, erigir-nos e não nos deprimir e mostrar-nos a nossa pecaminosidade. A doação do Shabat é somente um exemplo de como um mandamento pode chegar a ser o sinal da liberação para nós pessoas humanas.
Desejo-me que nos deixemos contaminar pela alegria do orador do Salmo nos mandamentos de Deus. Desejo-me que essa alegria seja para ser sentida nos nossos serviços religiosos protestantes e católicos, nas nossas orações, nos nossos sermões, nos nossos cantos.
No canto do testador evangélico celebre de canto Paul Gerhardt “Die güldene Sonne” [O Sol áureo] diz na quinta estrofe no fim: “Faça-nos insistir nos mandamentos!”
Desejo-nos que consigamos isso, seja que somos judeus ou seja que somos cristçaos.
Texto alemão
Traduções: Pedro von Werden SJ, Cuiabá-MT – BRASIL
