
| 31.01.2005
O papel do diálogo inter-religioso na construção de paz em Israel
Ronald Kronish
Introdução
Num tempo em que conflitos religiosos afligem tantas áreas do mundo, nós nos encontramos perguntando se a religião está de fato uma força positiva para a humanidade. Em Israel especialmente, estamos tão freqüentemente testemunhas de atrocidades em nome de Deus que ficamos querendo saber se a religião seja de fato o problema ou a solução. O Interreligious Coordinating Council em Israel [Conselho Coordenador Inter-religioso em Israel] (ICCI) que ajudei a se estabelecer e que dirigi pelos 12 anos passados, trata desse assunto afirmando:
O Judaísmo, a Cristandade e o Islame pregam todos eles a paz. Freqüentemente demais, no entanto, estão corrompidos para alimentar ódio e violência. No Israel hoje, números crescentes em todas as comunidades de fé estão chegando a ver que as três fés devam contribuir para a solução, não para o problema. Entendem que fé tem um papel ativo para construir uma sociedade civil, tolerante, marginalizando aqueles que a quiserem destruir.1
Tragicamente, a religião em geral, e as religiões em particular em Israel e no Oriente Médio, especialmente o Judaísmo e o Islame, estão sendo geralmente percebidas pelas pessoas da região para fazerem parte do problema antes de parte da solução. O Islame está opressivamente identificado, tanto pelos seus próprios seguidores e certamente pela população judaica de Israel, com violência e terror. Alguns dos heróis dos dias modernos do Islame são líderes de Al Quaida, de Hamas, Jihad Islâmico, Hizbollah e outros grupos que se opõem à paz, favorecendo o caminho do conflito armado e da violência como estratégia preferida para derrotar Israel.
Semelhantemente, as vozes para paz e reconciliação entre os líderes religiosos judaicos não são muito dominantes ou altas na sociedade israeli. Conseqüentemente, a percepção prevalecente entre as massas judaicas em Israel é que o Judaísmo religioso (o Judaísmo ortodoxo ou ultra-ortodoxo nos seus vários ramos e correntes) está a favor da ocupação (ou o que alguns judeus religiosos chamam de "liberação" dos territórios), julgando a violência contínua um como meio necessário de "auto-defesa". Raramente se ouve líderes religiosos das correntes religiosas principais levantando a sua voz para paz. O movimento de paz em Israel é esmagadoramente secular. Com exceção de poucos líderes ortodoxos modernos e um número ainda menor de líderes religiosos da Reforma e Conservativos, os quais falam por uma muito pequena percentagem da população judaica israeli. E os rábis chefe, que são funcionários do Estado, não podem ser contados como tendo um papel profético a favor da paz e reconciliação na sociedade israeli.
Conseqüentemente, a questão de se religiões e líderes religiosos possam chegar a fazer parte da solução e não permanecer parte do problema em Israel não é um problema simples. Com toda a lhaneza, será preciso admitir que o processo de se mover nessa direção será muito uma luta para cima. No entanto, houve alguns desenvolvimentos muito significantes nesse campo de empenho na sociedade israeli nos anos recentes.
Além disso, argüiria que havia focalização demasiada nos aspetos negativos da religião e não bastante nos positivos. Conforme Marty E. Martin, "Chegamos a ficar tão preocupados perguntando porque a religião é tão central em matar, que a maioria de nós descuraram explorar o potencial das pessoas que agem no nome dela para curar."2 Continuamente dando ênfase ao papel negativo da religião chega a ser uma profecia que se auto-abesteça a si mesma. Isso chegou a ser particularmente verdadeiro na sociedade israeli, a qual está largamente secular, sofrendo de atitudes anti-religiosas, as quais estão sendo muitas vezes acerbadas pela mídia.
Em contraste à "sabedoria convencional" da sociedade secular dominante de que a religião joga primariamente um papel destrutivo por perpetuar e exacerbar o conflito, procuramos oferecer uma visão e modelo alternativos. Num tempo quando a aderência à religião está aumentando, precisamos tomar conhecimento do poder daquela religião, dos líderes religiosos e dos indivíduos religiosos que possam ter na criação duma mudança social positiva. Esse papel realçará um dos novos desenvolvimentos mais importantes na área de construir paz religiosa em Israel nos anos recentes, assim que pessoas em Israel e fora possam ser inspiradas pelo que é possível, quando o diálogo religioso estiver usado no serviço de construir paz.
É importante afirmar no início que esses desenvolvimentos em Israel não ocorrem num vácuo. Antes, fazem parte duma tendência nova durante a década passada, durante a qual havia um foco maior intencionalmente no papel positivo potencial da religião no ajudar a resolver ou, pelo menos, melhorar conflitos em partes diferentes do mundo. Um corpo de literatura começou a emergir, o qual oferece tanto modelos teóricos, revisões de programas em reconciliação em várias partes do mundo quanto propostas práticas para a ação.
Portanto, antes de descrever um estudo de um caso dum programa em Israel que promova paz e reconciliação por líderes religiosos, será essencial pôr essa obra no seu próprio contexto histórico e ideológico.
O Contexto: O papel de religiões na construção de paz
Durante a década passada, vários desenvolvimentos importantes ocorreram que nos ajudaram a tomar uma novo visão na religião e o seu impacto potencialmente poderoso na área de resolução de conflito, no nível tanto teórico como prático. Vivemos numa época em que mais e mais reconhecimentos e tréguas diplomáticos não bastam. Mudamos as nossas metas de tolerância minimalista à aceitação humana e cultural, da coexistência de lado a lado para entendimento e cooperação. A nossa nova perspectiva nos permite ver as fendas em métodos anteriores.
No nível teórico, os escritos do rábi professor Mark Gopin, David Smock, Muhammed Abu Numer e J.P. Lederach eram de importância no ajudar a definir um papel novo e vital para a religião e os líderes religiosos na procura de paz em geral e em certas áreas de conflito no mundo. Através tal trabalho acadêmico, conceitos religiosos, rituais e visões do mundo foram exportados para o reino público em tentativas de entender e resolver conflitos.
Por exemplo, Maomé Abu Nimer integra o poder de prática no seu mecanismo para construção de paz. Baseando as suas idéias no poder das comunalidades das fés abraâmidas, Abu Nimer afirma que integrar o ritual para práticas de reconciliação assistirá no processo provendo experiência e simbologia comuns. Abu Nimer explica:
A Cristandade, o Judaísmo e o Islame pregam justiça, e todos proíbem o uso excessivo de violência e destruição quando as adotarem. Assim, usando rituais religiosos para relembrar ambos os lados de raízes e comunalidades compartilhadas é mais um caminho para lidar com o novo nível de ódio.3
John Paul Lederach, figura chave no entendimento e significado de reconciliação na esfera política, integrou o entendimento de verdade, justiça, paz e graça na sua aproximação ao conflito. Explica que reconciliação vem por atos de "transformação de conflito", a qual reflete um entendimento mais profundo que conceitos de "manejo de conflito" ou "resolução de conflito". Dentro dessa história, construção de paz é componente maior para criar mudança revertendo o efeito que o conflito tinha em indivíduos e sociedades. Lederach explica que construção de paz é uma aproximação mais integrada e complexa, solicitando "cometimentos de longo prazo, para estabelecer uma infraestrutura pelos níveis da sociedade, uma infraestrutura que capacita os recursos para reconciliação de dentro daquela sociedade e maximiza a contribuição de fora".4
Tanto Both David com Marc Gopin exploram o conceito de "construção de paz" como mecanismo para dissolução de conflitos e saneamento social. Como oposta a "fazer paz", "construir paz" é um processo que engaja participantes em todos os níveis do conflito.
"Construir paz" é um termo típico da escola de pensar para a dissolução de conflito, termo esse que enfatiza uma construção de relacionamento em longo prazo, com um espetro amplo de sociedade como a chave para paz, usualmente entre elites.5
O paradigma de construir paz, como oposto a metas de manter paz ou fazer paz, reflete a mesma atitude ativa como esforços para se mover da "dissolução de conflito" a "transformação de conflito". Construir paz reconhece os processos complexos necessários para transformar o conflito e a variedade de jogadores necessários para confrontar os problemas sociais.
Podemos diferenciar entre os esforços de fazedores de paz e construtores de paz por um entendimento de Diplomacia de Trilho Um e Diplomacia de trilho Dois. O termo de Diplomacia de Trilho Dois foi cunhado em 1981 por Joseph Montville, se referendo a um conjunto amplo de contatos e interações não oficiais, intencionados para reduzir tensões e dissolver conflitos, tanto internacionais como dentro de estados. Montville, então diplomata dos EUA, usava o termo em contraste à diplomacia de Trilho Um, a qual se refere a esforços diplomáticos para resolver conflitos pelos canais oficiais de governo.6
A Diplomacia de Trilho Um é obra de políticos e diplomatas. Estes fazem paz entre governos, não entre pessoas. Assinam contratos e acordos de paz. Criam as estruturas políticas para paz. Mas não levam necessariamente as pessoas a aprenderem viver juntas numa coexistência pacífica. Isso não é o negócio deles; assim, a sua obra precisa ser suplementada pelos construtores de paz, aqueles que fazem parte da Diplomacia de Trilho Dois, a qual está sendo freqüentemente chamada de programas "Pessoas a Pessoas".
A Diplomacia de Trilho Dois é obra da sociedade civil. Essa inclui todas as espécies de ONGs (organizações não governamentais); os construtores de paz são educadores, agentes sociais e clérigos, antes de advogados, diplomatas e políticos. Estes são pessoas que precisam entrar quando novas "janelas de oportunidade" tiverem sido abertas pelos construtores de paz. Estes são pessoas que precisam fazer o negócio âmago intensivo de raiz de grama para trazer as pessoas juntas em paz em todos os caminhos da vida. Isso é obra educacional em prazo longo, não trabalho político de prazo curto, o qual está afetado por eleições e mudanças no clima político. Abu Nimer afirma o poder da Diplomacia de Trilho Dois: "Os moderados se podem afirmar iniciando ações num nível pessoa a pessoa, se levantar contra líderes radicais e aqueles que pregam que matar o outro é modo de sobreviver."7
Líderes religiosos, especialmente líderes locais com congregações e escolas que funcionam sob a sua orientação e inspiração, precisam jogar um papel muito maior como parte da sociedade civil; precisam servir como liderança de base. Religião não é simplesmente sobre orar e jejuar e aquilo que se come; mas é sobre formar uma visão do mundo que impacta sobre como as pessoas vivem as suas vidas e como comunidades desenvolvem estruturas sociais de cuidado e compaixão. A religião é sobre como sociedades chegam a ser comunidades justas e compassivas. Antes de uma concepção restrita antiquada de religião, uma mais moderna e sofisticada que sirva para sarar os males da sociedade precisa ser desenvolvida e aplicada, particularmente em áreas de conflito como o Oriente Médio.
Os líderes religiosos precisam ser chamados para se afirmar como vozes para paz e reconciliação em áreas de conflito. Não se podem esconder mais na mesquita, na sinagoga ou na igreja, ficando assim permanecendo retirados dos assuntos reais da sua sociedade. Eles têm um papel significante para melhorar as vidas dos membros das suas comunidades.
David Smock se estende sobre o papel que a religião pode jogar na transformação pessoal e comunal chamando os seguidores religiosos para se tornarem "agentes de reconciliação".
Efetivamente orientar as pessoas de fé para longe do enredo da hostilidade nacionalista, a fim de se tornarem agentes de reconciliação, requer tanto uma identificação com o sofrimento do seu povo como um desafio para descobrir os recursos de construir paz inerentes na sua fé e tradições. Cada uma das tradições abraâmidas afirma o valor de todos os seres humanos, a necessidade de oferecer hospitalidade ao outro e a importância do auto-exame como medidas de fidelidade a Deus.8
A identidade religiosa pode ser uma grande fonte para TiQÚN `OLáM, para reparar o mundo, agora mais que antes, especialmente num mundo em que as pessoas se voltam mais para a religião e estabelecem identidades significantes religiosas comunais. Maomé Abu Nimer escreve sobre o potencial poderoso da identidade religiosa como força ativa para mudança:
A identidade religiosa é uma das fontes mais poderosas para formar atitudes numa zona de conflito… As componentes espirituais, morais e éticas de qualquer identidade religiosa são fontes poderosas para gerar mudança.9
À luz da percepção crescente de que a identidade religiosa possa ser força para o bom em comunidades e sociedades, há uma aceitação emergente da idéia de que o simples manter do status quo [como está] é inaceitável, isso é que os líderes religiosos precisam pensar em como passar à guiar as suas comunidades e sociedades em modos novos que criarão mudança social positiva.
Pesquisa e prática em anos recentes esclareceram que havia muita e muita demais ênfase na Diplomacia de Trilho Um e foco insuficiente no Trilho Dois. Além disso, em larga escala, a religião foi ou denegrida ou ignorada. No coração do problema estava a noção de que a na sociedade liberal ocidental "a religião era o problema e o estado secular liberal e instituições públicas seculares são a resposta. Isso levou a um impasse no fazer política, dissolução de conflitos e diplomacia no mundo."10
A religião e as personalidades religiosas eram amplamente mantidas fora da arena de fazer paz. Eram consideradas como irrelevantes no melhor dos casos, e destrutivas no pior. Essa espécie de pensar negativo sobre o papel da religião e dos líderes religiosos não era útil nem construtivo. Em vez disso, os líderes políticos e diplomatas "precisam entender que a religião pode ser uma força para a construção de paz antes de conflito."11
Podemos argüir que isso era certamente o caso para o movimento de paz em Israel, o qual é essencialmente um movimento esquerdista, altamente secular e, pela maior parte, anti-religioso. De fato, o movimento, tradicionalmente, não envolveu líderes religiosos.
O erro da esquerda israeli foi que muitas vezes mina aliados potenciais, promovendo-se a si mesma politicamente, como o grupo que vai combater a religião em Israel, antes de um grupo que vá combater expressões odiosas da religião.12
Isso é certamente o caso do grupo dos Acordos de Genebra, o qual é um fenômeno totalmente secular.
Além do pensamento teórico novo sobre o papel da religião na construção de paz, foram tomadas algumas medidas práticas muito importantes nos anos recentes. A World Conference of Religions for Peace [WCRP = Conferencia Mundial de Religiões para Paz] e o United States Institute for Peace [USIP = Instituto dos Estados Unidos para Paz] são duas das mais importantes instituições que tomaram o papel de liderança nessa área. Os seguintes exemplos do trabalho feito para dissolver conflitos na Bósnia, Irlanda do Norte e África do Sul refletem um envolvimento bem sucedido de líderes religiosos locais e conselhos inter-religosos em esforços de construção de paz.
A World Conference of Religions for Peace [WCRP], a mais antiga e a maior organização inter-fés no mundo, era um dos líderes nesse campo nos anos recentes. A WCRP reconhece que:
As comunidades religiosas são, inquestionavelmente, as instituições maiores e mais bem organizadas no mundo hoje, tendo a aderência de bilhões de fiéis e transpondo as divisões de raça, classe e nacionalidade. Estão equipadas como mais ninguém para enfrentar o desafio do nosso tempo: dissolver conflitos, cuidar dos doentes e necessitados, promover coexistência pacífica entre todas as pessoas.13
O conceito de que as religiões possam ser força de vanguarda para paz ajuda essas comunidades desatarem o seu potencial enorme para ação comum.
Bósnia
Na área de reconciliação, alguns das mais importantes trabalhos da WCRP foram feitos na Bósnia. Começando em 1996, a Religiões para Paz trabalhou com os líderes religiosos seniores e outros oficiais das principais comunidades religiosas da Bósnia para facilitar e apoiar os esforços delas na sua cooperação inter-religiosa/intercomunal. Um processo similar começou justamente em Kosovo, quando a campanha dos militares sérvios de expulsões em massa provocou a campanha do bombardeamento da NATO na primavera de 1999. Uma vez que o conflito terminara, a Religiões para Paz ajudou os líderes religiosos das comunidades islâmicas, ortodoxos sérvios e católicos em Kosovo reassumirem as suas discussões e começarem a sua obra para construir uma sociedade mais civil ali.
A Religiões para Paz apoiou, e continua apoiando, o desenvolvimento de comunicação entre comunidades religiosas através do Conselho Inter-religioso Bósnia-Herzegóvina (IRC). Fazendo isso, colaborou com as comunidades religiosas da Bósnia a construir as instituições dum estado multiétnico, democrático. Procurou inverter as restrições da era comunista sobre as associações dos cidadãos e promover as comunidades religiosas como atores cívicos vitais. Agiu como parceiro neutral em seminários com ativistas de direitos humanos e teólogos, e trabalhou para criar as estruturas legais, fiscais e de governo necessárias para suster o papel autônomo do IRC na sociedade cível da Bósnia. O resultado era a aceitação pública ampla da autoridade moral do IRC e o apoio popular pela procura de tolerância e entendimento interétnico.
Sob os auspícios do Instituto dos Estados Unidos para Paz, um programa pioneiro, chamado de Religião e Iniciativa de Fazer Paz, foi desenvolvido. Segundo o diretor da iniciativa, David Smock, a intenção do Religião e Iniciativa de Fazer Paz do USIP é "assistir organizações religiosas baseadas nos Estados Unidos chegarem a ser fazedores de paz internacionais mais efetivas"14. Essa iniciativa reconhece o poder de liderança religiosa para criar mudança através de iniciativas no povo comum.
Como a WCRP, o USIP jogou também um papel na Bósnia. Da sua experiência na Bósnia, chegaram à conclusão de que "as ONGs baseadas na fé construíram um tesouro imenso de credibilidade e confiança, primariamente por relacionamentos individuais entre membros do quadro dos funcionários e os atores locais"15.O USIP aprendeu que a religião fez e faz agora parte importante da identidade étnica e nacional dos sérvios, croatas e bósnios e, portanto, "a religião não pode ser ignorada quando se discutir cooperação futuro entre as partes para o conflito"16.
No esforço para dar contribuição positiva à situação pós-guerra na Bósnia, o USIP fez uma conferência em Budapeste em outubro de 1997, a qual reuniu clérigos religiosos, teólogos, jornalistas e outros, para considerar a contribuição positiva que a religião possa dar na reconstrução da Bósnia e da região. Representantes das comunidades religiosas diferentes que vieram à conferência discutiram abertamente as tensões entra as suas comunidades. Discutiram também matérias tão práticas como o sofrimento dos refugiados, a destruição de casas de culto, a prevalência de fala de ódio e incitamento e, mais importante, como as suas várias comunidades religiosas poderiam lidar com essas matérias.
No início do junho de 1997, um encontro foi realizado, no qual líderes religiosos da Bósnia-Herzegóvina concordaram formalmente para estabelecer o Conselho Inter-Religioso mencionado acima como foro para discutir assuntos que afetaram as diferentes fés no país. O encontro, que incluiu líderes religiosos que representavam comunidades judaicas, moslêmicas, romano-católicas e ortodoxas sérvias de Bósnia-Herzegóvina, se realizou na embaixada dos EUA em Viena.
Irlanda do Norte
O conflito protestante-católico intra-religioso da Irlanda do Norte evoluiu e mudou, sendo visto em muitos modos simultaneamente como conflito nacional, político e religioso. Durante anos, as instituições religiosas foram usadas como fundos de criar ódio, e os líderes religiosos eram indispostos para agir contra a violência. No entanto, alguns clérigos corajosos se aproximaram a suas responsabilidades como líderes comunitários em segredo.
Segundo Mari Fitzduff - agora professor e diretor dum programa acadêmico novo em estudos de coexistência na universidade Brandeis, fora de Boston, e antigamente Executivo Chefe do Conselho de Relações Comunitárias da Irlanda do Norte - encontros confidenciais se realizaram durante um período de vários anos no meio da década dos 90 entre Sinn Fein e membros do clero protestante/unionista.17 Claramente, a influência poderosa dos líderes religiosos jogou um papel maior no dissolver elementos de conflito na região.
Quando a paisagem sócio-política na Irlanda do Norte se transformou durante a década passada, a religião era uma das maiores ferramentas para a reconciliação. Numa maneira inimaginável no passado, todas das Igrejas principais "concordaram para incluir treinamento para tratar sectarismo e prática em relações comunitárias tanto no nível pessoal como comunitário"18. Esse treinamento não só apóia esforços correntes para paz, assegura também que os líderes futuros vão entender as suas responsabilidades de responder a conflito.
Um exemplo específico duma comunidade na Irlanda do Norte que usa a religião como meio para reconciliação é Corrymeela - uma comunidade "composta de pessoas de todas as idades e tradições cristãs, as quais individualmente e juntas estão cometidas para sarar divisões sociais, religiosas e políticas que existem na Irlanda do Norte e pelo mundo inteiro"19. Corrymeela realiza uma variedade de programas, inclusive uma escola católica e protestante residencial e cursos de treinamento no campo da meditação de conflitos. Por esses projetos, a comunidade residencial almeja ser um sinal e símbolo de que protestantes e católicos podem compartilhar juntos num testemunho e ministério de reconciliação, para prover oportunidades para encontro, diálogo e para apoiar vítimas de violência e injustiça. O líder comunitário Trevor Williams - a quem tive a oportunidade de encontrar numa viagem de estudo à Irlanda no verão passado - explica que, unindo-se na oração comunal diária, a comunidade está sendo "lembrada de que construir paz é obra de Deus"20.
África do Sul
Justamente como a reconciliação na Irlanda requereu tanto líderes religiosos como ideais religiosos, o sucesso da Comissão de Verdade e Reconciliação na África do Sul refletiu o potencial para a integração da religião no processo de dissolução de conflito.
Conforme Susan Collin Marks, autora de Watching the Wind, Conflict Resolution During South Africa"s Transition to Democracy [Observando o Vento, Dissolução de Conflito Durante a Transição da África do Sul à Democracia] e co-diretora de Search for Common Ground [Procura por Chão Comum], o papel dos conceitos combinados de verdade e reconciliação na dissolução de conflito na África do Sul era decisivo. Numa entrevista, enfatiza a importância da anistia e perdão como parte da estrutura da comissão, quando disse que "para que a reconciliação tomar lugar, precisa ter algum senso de que o passado esteja sendo restaurado, no sentido de justiça restaurativa"21. Contrária a idéias modernas de justiça punitiva, a justiça restaurativa, a qual pode ser traçada histórica e religiosamente às Escrituras Hebraicas, assistiu à África do Sul para reconciliar, curar e transformar o seu conflito.
O valor da justiça restaurativa, como mecanismo de reconciliação, no interesse de construir a paz, está sendo reconhecido e poeticamente explicado pelo laureado de Nobel, o bispo Desmond Tutu:
As nossas pessoas se cometeram à reconciliação, onde usamos a justiça restaurativa antes da retributiva, aquela que é uma espécie de justiça que diz: estamos olhando ao sarar dos relacionamentos, estamos procurando abrir feridas, sim, mas as abrir assim que as possamos limpar não se inflamem, limpamo-las e então derramamos óleo nelas e, a seguir, nos podemos mover para dentro do futuro glorioso que Deus está abrindo para nós.22
O bispo Tutu pôs continuamente a voz e força da religião na mesa, nos esforços de sarar a sua comunidade. Embora estivesse contra muitos esforços passados, os esforços na África do Sul procuravam reconhecer o sofrimento e a injustiça experimentada por partes da comunidade sem continuar a cultura de violência que um processo punitivo traria consigo. A meta concreta da sociedade democrática estava sendo alcançada pela visão dum mundo melhor e religiosamente inspirada entendendo que essa vem pelo perdão e não pela vingança. Como Smock o declara: "O processo de reconciliação enfatiza também a necessidade de restaurar o relacionamento e de se engajar no processo que possa levar ao saneamento social e espiritual."23 A reconciliação na África do Sul usou os ideais religiosos de verdade, perdão, reconciliação e justiça restaurativa, a fim de criar saneamento e construir paz.
Como visto nos casos da Bósnia, Irlanda do Norte e África do Sul, tanto líderes religiosos - como também idéias e ideais religiosos - jogaram papéis decisivos no complexo de reconciliar e protraíram conflitos em pontos quentes maiores no mundo. Nesses lugares, os líderes religiosos - nos níveis nacional e comunal - eram capazes de engajar o poder da sua liderança para afetar mudança positiva pela mensagem e os métodos de reconciliação. Nesses exemplos, a religião era originalmente percebida como parte do problema antes de parte da solução; no entanto, em todas essas regiões, a religião foi usada criativamente por líderes corajosos como ferramenta efetiva no processo de construir paz.
Construção Inter-religiosa de Paz em Israel
Durante os doze anos passados, o Conselho Coordenador Inter-religioso em Israel (ICCI) têm sido pioneiro na área de construir paz, juntando judeus israelis a árabes palestinos (de cidadania israeli) - tanto moslins como cristãos - para uma variedade ampla de diálogos, seminários, oficinas, conferências e outros programas educacionais inovativos. O ICCI tem integrado mensagens e métodos de campos inter-relacionados de Resolução de Conflito e Diálogo Inter-religioso para promover relações pacíficas entre pessoas e pessoas em Israel e no Oriente Médio.
Os programas do ICCI incluíram grupos de diálogo de mulheres múltiplos, diálogos judaicos-cristãos para expatriados de fala inglesa, diálogos judaicos-cristãos para árabes e judeus de Jerusalém do Leste e do Oeste e grupos de diálogo judaico-moslêmico para líderes e educadores religiosos. O programa mais ambicioso e mais importante do ICCI da atualidade é um programa novo, intitulado "QéDèM", um acrônimo hebraico para "Vozes para Reconciliação Religiosa". Esse projeto oferece um modelo novo para a reconciliação inter-religiosa e construção de paz, o qual poderá ter um impacto de longo alcance na sociedade israeli.
De 21 a 27 de julho de 2003, o ICCI levou 14 líderes religiosos israelis de base à Irlanda - Irlanda do Norte e a República da Irlanda no sul - para um seminário intensivo com o assunto de reconciliação. O grupo se compôs de sete rábis ortodoxos e sete líderes religiosos árabes - cinco moslins e dois cristãos (representando a percentagem dentro da Sociedade Israeli). O seminário fez parte de programa "QéDèM" do ICCI, o qual começou em maio de 2003, o que foi possibilitado por uma doação maior da Embaixada da Republica Federal da Alemanha em Tel Aviv.
Os quatro líderes religiosos locais eram todos cuidadosamente escolhidos para a sua participação nesse processo único quebra fundo de diálogo. Nunca antes na sociedade israeli, líderes religiosos de base moslins e judeus se encontraram durante um período contínuo de tempo para aprender uns dos outros e da história, tradição e assuntos contemporâneos do um e do outro e, também, para ver o que possa ser feito junto na área de reconciliação entre árabes palestinos e judeus israelis dentro de sociedade israeli. Cada pessoa era eleita por causa da sua abertura para o processo de diálogo sério e sustentado sobre esse assunto, e porque representava uma comunidade local em Israel, onde lições desse processo de diálogo pudessem ser aplicadas num modo prático, concreto nos anos seguintes. Em outras palavras, os participantes vêm a esse processo dispostos a passar por transformação tanto pessoal como comunal, e para eventualmente chegar a ser vozes para a reconciliação religiosa dentro da sociedade israeli.
O primeiro estágio do projeto - que incluiu dois dias inteiros de estudo num centro de conferência fora de Tel Aviv na primavera de 2003 - como a semana juntos na Irlanda no julho do mesmo ano - focalizou sistematicamente no conseguir conhecer um ao outro numa base pessoal, construindo relacionamentos de confiança e respeito. Através de cada um ouvir ativo das histórias pessoais do outro as quais eram todas particularmente pungentes e significativas - esses 14 líderes religiosos chegaram a conhecer uns aos outros como pessoas, antes que estereótipos da mídia.
Mais que isso, no entanto, foi alcançado na semana na Irlanda. Além de chegar a conhecer uns aos outros bem numa base pessoal - um processo que tomou lugar sobre cafés-lanches e refeições e em excursões de campo no ônibus e caminhando juntos para ver uma cachoeira na Irlanda do Norte, perto do mar, bem como nas discussões de grupo formais - alguns momentos bem surpreendentes ocorreram, os quais juntaram o grupo como grupo, abrindo possibilidades para atos concretos de reconciliação durante o tempo que ficaram juntos na Irlanda e nos meses depois.
Depois de se focalizar tanto em histórias pessoais como no conflito na Irlanda do Norte durante os primeiros dois dias do seminário, o grupo decidiu no terceiro dia focalizar mais em si mesmo e menos na experiência irlandesa de reconciliação. Na terceira noite da excursão, se alcançou uma decisão do grupo de cancelar todas as discussões com peritos externos sobre o problema irlandês e para focalizar a discussão sobre assuntos internos entre os rábis e os líderes religiosos árabes. Isso era o ponto decisivo que levou a alguns resultados bem notáveis nos dias seguintes.
Pelo fim da terceira manhã do diálogo - na qual cada pessoa no grupo tinha uma chance de compartilhar a sua história pessoal com os outros do grupo - estava claro que o grupo estava começando a ser uma entidade coesiva. Dois desenvolvimentos notáveis e surpreendentes ocorreram naquele dia. O primeiro episódio ocorreu quando um dos ímãs contou a sua história pessoal sobre o massacre de árabes palestinos em Kfar Kassem em 1956 (um episódio bem conhecido, o qual foi bem documentado na história de Israel). Contou a história do massacre como a ouvira na sua família da sua tia. Era uma conta muito pessoal e pungente da história. Muito pessoal. Muito sincero. Muito humano. Não para mascarar de qualquer jeito como a única versão verdadeira da história, mas simplesmente a sua estória. Havia escuta muito ativa que se deu na sala - poderias ouvir um alfinete cair.
Quando terminou, um dos líderes árabes contou ao grupo que cada ano está sendo realizado um serviço memorial em Kfar Kassem para comemorar esse massacre e convidou um dos rábis que viesse esse ano, na data específica pelo fim do outubro. O rábi pensou sobre isso por um momento e disse a seguir que viria que o evento fosse somente um evento de comemorar a sua dor e o seu sofrimento e para expressar solidariedade e se o líder religioso árabe pudesse garantir que o evento não seria manipulado para fins políticos. O sheik entendeu completamente o que o seu amigo, o rábi, estava dizendo e, portanto, respondeu sensitiva e seriamente dizendo que convidaria todos os rábis para atenderem a cerimônia memorial especial no dia depois da comunal, para garantir assim que não haveria mal-entendidos e nenhuma manipulação de religião no evento. A resposta era imediata, sincera e assim mesmo: "Se isso for o caso, estarei ali," disseram os rábis. Essa era a indicação mais clara, enquanto os líderes religiosos estavam cuidadosamente escutando um ao outro e, no mesmo tempo, buscando oportunidades para reconciliação religiosa e construção ativa de paz.
Mais tarde naquele dia, a segunda oportunidade se manifestou de modo surpreendente:
O plano era ir a Dublin para o fim da semana, onde o grupo seria hospedado pelas lideranças religiosas locais para uma refeição, para estudo e para atender serviços de veneração junto numa mesquita na sexta feira, numa sinagoga na sexta feira a noite e no sábado de manhã e, então numa igreja no domingo de manhã. Tudo fora elaborado cuidadosamente adiantado, com a ajuda dum contato bom, profundamente envolvido no diálogo inter-religioso na República da Irlanda. No entanto, naquela manhã de quinta feira, recebi um fax no nosso hotel que indicou que iria haver um problema com a nossa visita à mesquita de Dublin no dia seguinte - os rábis estariam solicitados a tirarem os seus KiPôT (coberturas de cabeça) e que os líderes cristãos removessem as suas cruzes antes de entrar na mesquita. Essa era uma coisa sensitiva, uma que precisava ser discutida com o grupo, para acertar a sua reação e guias para uma resposta. Portanto, levantei o assunto durante o lunch (almoço) com o grupo. Primeiro, um rábi disse que os rábis poderiam usar chapéus, mas não "KiPôT", perguntando se isso resolveria o problema, mas um outro rábi disse que não estaria preparado para fazer isso, e que a KiPáH seria central demais para a sua identidade.
E então, de repente aconteceu algo muito dramático e inesperado: dois dos líderes religiosos moslins palestinos levantaram em pé e disseram: "Nós não vamos à mesquita. Se os nossos irmãos e amigos, os rábis, não serão bem-vindos assim como são, não vamos. A nossa solidariedade está com eles. São os nossos parceiros no diálogo - o nosso destino está com eles em Israel, mais que com os moslins de Dublin ou em outros lugares no mundo." Essa era uma resposta movente e genuína a um dilema real, a qual deixou o seu marco no grupo num modo profundo e duradouro. De fato, um dos rábis, que teve de sair e voltar a Israel depois do lunch, disse aos líderes árabes: "Me destes um dom maravilhoso para levar para casa para Israel para [o dia de] ShaBaT."
Depois de que isso ocorreu, um dos outros moslins no grupo apontou para a dificuldade que surgiria quando teriam de precisar atender as orações da sexta feira em Dublin. Durante a breve discussão que seguiu, foi rapidamente decido que todo o grupo não iria à mesquita para a refeição e hospitalidade de sexta feira como planejado originalmente, mas os membros moslins iriam justamente atender as orações.
Na sexta feira, outro problema surgira, quando a liderança da sinagoga requereu dos líderes moslins e cristãos que usassem coberturas de cabeça na sinagoga, o que levou a outra crise. Isso levou os moslins a boicotarem o serviço de veneração e a ceia de sábado na sexta feira à noite, (os cristãos, no entanto, se juntaram aos rábis para a ceia de ShaBáT na sinagoga, e um deles até se juntou para o serviço de veneração, usando uma KiPáH para a ocasião!). À noite da sexta feira e para os serviços de veneração na manhã de sábado, os moslins ficaram fora.
Depois de muitas horas de escuta cuidadosa e diálogo ativo, uma decisão de grupo foi conseguida para os árabes se juntaram aos rábis para o lunch do sábado, o qual segue ao serviço de veneração na manhã. E à tarde naquele sábado os líderes religiosos moslins e cristãos se juntaram aos rábis e aos membros da comunidade judaica de Dublin para o QiDÚSh e o lunch, onde foram calorosamente acolhidos pelo rábi chefe da Irlanda. Isso me lembrou um pouco, com todas a diferenças envolvidas, da reconciliação entre José e os seus irmãos na Bíblia. Era óbvio no modo em que o grupo se juntou outra vez, que algum ligar real e alguns relacionamentos genuínos se desenvolveram durante os vários dias passados.
O grupo, então, se deleitou do da refeição de sábado primeira e única junto, mas era uma ocasião espiritual movente - não só porque os líderes estavam capazes de partir o pão juntos e compartilhar numa refeição religiosa juntos, mas também pelo próprio ato de se reunir numa companhia religiosa. Além disso, um dos líderes religiosos moslins falou eloqüentemente a respeito do grupo ao rábi chefe da Irlanda como ele e os seus colegas apreciaram muito essa oportunidade rara para compartilhar esses momentos especiais juntos na sinagoga de Dublin. Falou também positivamente do processo de diálogo do QéDèM, com a esperança de que esse levasse a mais diálogo e atos genuínos de reconciliação no futuro. Esse se juntar numa simples refeição de ShaBáT era inquestionavelmente uma das culminações dessa viagem no caminho de reconciliação que esse grupo podia experimentar junto na Irlanda.
Na sessão concluinte final e de regeneração na manhã de domingo, todos os participantes falaram sobre a necessidade de continuar o processo de diálogo, reconciliação e construção de paz que começara numa feição muito profunda e significativa numa semana intensiva na Irlanda. Enquanto havia algumas crises, grandes e pequenas, que foram enfrentadas durante a semana como parte do processo, a motivação alta pela maioria dos membros do grupo para continuar o processo era muito definitiva e positiva. Esse encontro humano intensivo, obviamente, era importante para eles. Era um começo bom e, mesmo embora muitos obstáculos tivessem sido para serem superados, foram de fato tratados dentro dum modo positivo e construtivo durante toda a semana sob a liderança do Dr. Yitzchak Mendelsohn, o facilitador do grupo. Engajando o grupo num processo de grupo uni-nacional e bi-nacional e tomar de decisões, envolvera os participantes, com sucesso, no determinar como o grupo procederia. Fazendo isso, os participantes sentiam que eram parceiros num processo de desenvolver de reconciliação inter-religiosa.
A seguir do seminário na Irlanda em julho de 2003, foram desenvolvidos planos para continuar o processo de volta a Israel. O grupo continuou a se encontrar nos lares de uns e de outros. O encontro de outubro tomou lugar na casa de um dos rábis na sua ÇuKáH [barraca] durante a festa das ÇuKÔT (esse foi a primeira vez que os árabes no grupo foram convidados para se sentassem numa ÇuKáH). E no novembro, o grupo participou uma ceia de Ramadan (talvez a primeira ceia Ramadan KôShèR na história de Israel) na casa de um dos líderes moslins. Além disso, no setembro de, os rábis visitaram a aldeia de Kafr Kassem - como manutenção da discussão que tomara lugar no julho na Irlanda - e estiveram de pé no memorial do massacre no centro da cidade, em solidariedade com os seus irmão no diálogo num gesto pungente de reconciliação genuína, o qual foi profundamente apreciado pelos membros árabes do grupo.
Os do grupo "QéDèM " estão agora no seu segundo ano dum processo corrente de aprender, dialogar e agir na reconciliação. Nesse verão viajarão à Bósnia, onde serão hospedados na repartição da conferência Mundial de Religiões para Paz e o Conselho Inter-religioso de Sarajevo, que era ativo na construção de paz em Bósnia-Herzegovina durante a guerra civil, e que fica envolvido na reconciliação inter-religiosa até hoje. Durante este seminário de verão, o grupo se vai engajar no estudo e diálogo intensivos sobre o assunto de "reconciliação", preparando-se - como indivíduos e como grupo - a ser "vozes de reconciliação" nas suas comunidades e sociedade próprias depois do seu retorno da Bósnia.
Espera-se que no futuro tais vozes para a reconciliação inter-religiosa e construção de paz possam ser estendidas ao Banco Ocidental e Gaza como parte da "diplomacia de trilho dois", a qual se precisa tanto na Palestina como em Israel, se vá haver paz na nossa região. Sabemos agora que paz entre governos não será suficiente, vamos precisar paz entre as pessoas (coletivos nacionais) e pessoas (como indivíduos), a fim de seja deles uma paz duradoura. Líderes religiosos - judeus, cristãos e moslins - terão um papel significante a jogar nesse processo de construir paz.
Notas: Veja no fim do texto inglês.
Dr. Ronald Kronish, um rábi e educador que viveu em Jerusalém durante os 24 anos passados, é diretor do Interreligious Coordinating Council in Israel (ICCI). Foi assistido na pesquisa desse artigo por Anna Levin, interna anterior do ICCI…
Texto inglês. Tradução: Pedro von Werden SJ - Cuiabá-MT, Brasil - pv-werden@uol.com.br