
| 31.05.2005
Quando a crítica a Israel chega a ser inimiga aos judeus?
De Volker Resing
Colóquio com o pesquisador de anti-semitismo Wolfgang Benz
O Professor Dr. Wolgang Benz dirige o Centro para Pesquisa de Anti-semitismo na TU (Universidade Técnica) de Berlim. O historiador escreveu numerosas obras de padrão à história do Holocausto e para a pesquisa do anti-semitismo. Perante à KirchenZeitung [semanal da Diocese de Aachen (Aquisgrano), Alemanha], Benz comenta o fenômeno.
O muito lamentado "novo anti-semitismo" na Europa existe?
Não, não há anti-semitismo novo, é sempre o antigo. Há novas formas de se manifestar e há novos representantes. Serve-se dos preconceitos e estereótipos antigos até aos extremistas islâmicos, que operam com os estereótipos mais antigos.
Há um fortalecimento do anti-semitismo?
Não, também isso não há. Não há, relacionado à Alemanha, aumento. A gritaria de alarme de que tudo se torne sempre pior, é tão antiga como o fenômeno. Temos, na Alemanha, formas de manifestação desagradáveis, mas, na tendência em longo prazo, temos antes uma diminuição do anti-semitismo.
O anti-semitismo tem uma raiz no antijudaísmo cristamente cunhado; qual é a força deste ainda hoje?
Pensei que o antijudaísmo estava amplamente extinto. Mas ele existe ainda, principalmente nos novos países que aderiram à EU (Europäische Union = União Européia), ele está divulgado. Na Polônia, por exemplo, está presente pela rádio Maria. O antijudaísmo cristão na Europa do leste, depois do desmoronamento, ressurgiu como a fênix das cinzas. Isto é que me surpreendeu muito que, nos metrôs de Moscou, voltaram a serem distribuídos panfletos antijudaicos, que se originaram do tempo do czar.
Quando a crítica a Israel chega a ser expressão de inimizade aos judeus?
Crítica à política do governo israelense está, naturalmente, legítima, mas há atitude fundamental que percebe Israel como encarnação dos judeus, do coletivo, lhe nega o direito à existência, criando-se, assim uma válvula de escape para dizer coisas que são propriamente indizíveis.
Em que se percebe isso?
Contemplemos a coisa às avessas: a crítica à Alemanha. É legítimo quando um americano diz que a política de Schröder é ruim, está errada, trazendo esse e aquele infortúnio. Isso é opinião, isso é permitido a dizer. Mas quando o formular assim: "Isso assim é típico, os alemães são todos fascistas, isso se vê na política de Schröder, eles são nazistas que não aprenderam nada. Seria melhor que a Alemanha não mais existisse." Isso transferido a Israel, tereis a diferença entre crítica a Israel e anti-semitismo.
Um estudo do seu instituto arrumou sensação, porque constatou anti-semitismo, antes de tudo, entre os imigrantes moslêmicos na Europa. Qual é o perigo do anti-semitismo islâmico?
Não sabemos isso ainda. Mas podemos reparar que ali se acastela alguma coisa. Estou falando do anti-semitismo islâmico, pois não devemos, em lance de adversário, suspeitar de todos os moslins em bloco. Os inimigos dos judeus são, também nos moslins, uma minoria pequena. A França, aí, é um exemplo bom. Muitos imigrantes da África do Norte vivem na margem mais ínfimo da sociedade. Carregam, provavelmente instigados por um pregador de ódio, a sua frustração sobre a sua situação de vida aos judeus. Anti-semitismo é sempre também explicação do mundo para ânimos simples: Se o judeu está culpado, ter-se-á uma explicação para tudo.
Entre nós, há medo de terrorismo e islamismo, nasce afinação anti-moslim. Há paralelas ao anti-semitismo?
Sim, os mecanismos da segregação são os mesmos. Preconceitos funcionam através de clichês, o árabe substitui o terrorista, o judeu está sendo difamado como fazedor de negócios.
O debate sobre o anti-semitismo está sendo, na Alemanha, sempre em conexão com o Holocausto. Como combina isso?
Isso, primeiro, corre lado a lado. Arranjar-se com história vergonhosa não cria muita alegria. Não inteiramente voluntário, porém, um processo se pôs em andamento na Alemanha de se apresentar abertamente ao passado. Sempre havia que se opuseram contra isso. Ao mesmo tempo, esse pôr em dia da história foi também fortemente carregado com moral.
Vejo isso também como perigo grande, por exemplo, na escola. Quando, no tratar o Holocausto, se trabalha demais com emoção e moral, isso gera fastídio, o que podemos verificar em muitas pessoas jovens. Não são moralmente insusceptíveis, sentem os tons errados e percebem que estão sendo puxados num papel de substitutos, precisando envergonhar-se por seus pais e avôs. Esse é um modo errado de se abeirar.
Texto alemão em KirchenZeitung für das Bistum Aachen, 13 de fevereiro de 2005, p. 14: Volker Resing, Wann wird Kritik an Israel judenfeindlich?
Tradução: Pedro von Werden SJ
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